Literatura de cordel - o filme


Literatura de Cordel

Tradição, evolução e revitalização.

 INTRODUÇÃO

A Literatura de Cordel é, geralmente, conhecida como pequenos livretos, pendurados em cordões e vendidos em feiras livres na região do nordeste brasileiro. Também é associada aos cantadores e repentistas, que, com suas violas entoam “versos improvisados” e “pelejas” que divertem o público.

Contudo, este estudo não pretende limitar a Literatura de Cordel, ou até mesmo esgotar o assunto sobre o tema, muito pelo contrário, pretendemos aprofundar o conhecimento nas origens deste gênero e procurando entender como, nos dias atuais, com a tecnologia e a internet, o Cordel sobrevive, tendo em vista que sua origem de impressão e comercialização tem um caráter rústico e como futura educadora da língua portuguesa, trazer o assunto par sala de aula sem estigmatizar como folclore.

O desafio é integralizar a cultura dos folhetos, desenvolver competência multidisciplinares, formando novos leitores e principalmente, rever o conceito de cordel como fonte de cultura popular para uma visão mais ampla desta poderosa ferramenta em sala de aula.

 

TRADIÇÃO

A literatura de Cordel é oriunda da Europa, os registros mais antigos, de sua forma escrita datam do século XVII, os quais traziam relatos de sagas dos Reis da Europa. O mais conhecido é a História do Imperador Alexandre Magno e  os Doze pares da França. Essa Literatura de Colpotage, como foi denominada na Franca, trazia histórias da cavalaria, contos das vitórias homéricas destes líderes. Na Inglaterra era conhecida como Chapbook ou balada, na Espanha, Pilego Suelto e em Portugal Literatura de Cordel ou folhas volantes. Naquela época não havia uma preocupação com a métrica e com a rima, cada escritor/poeta fazia da forma que achava melhor.

O Cordel chega ao Brasil, na época da colonização, trazida pelos colonizadores e viajantes e é introduzida na região nordeste, em virtude da própria localização do processo de colonização. É difundida entre os sertanejos, principalmente em duelos verbais, funcionando também como fonte jornalística nos locais em que o jornal não chegava e somente em 1893 aparecem os primeiros folhetos impressos, por Leandro Gomes de Barros e Silvino Piraruá de Lima, precursores do gênero no Brasil que além de compor ainda imprimiam, em papel barato, com capas coloridas, no processo de tipografia e também nesta época já sobreviviam de fazer versos.

Os folhetos nem sempre foram ilustrados com a Xilogravura, processo já utilizado na antiguidade que consiste na impressão de um carimbo talhado em madeira, os livretos traziam a foto do Cordelista e na contracapa um acróstico como nome do autor para que todos soubessem de sua autoria.

Hoje, a xilogravura é arte independente, levando seus artistas (xilogravuristas) a percorrer o mundo expondo sua arte.

 

EVOLUÇÃO

No início do século XX, com o falecimento dos cordelistas e falência de algumas gráficas, o cordel entra num período de decadência, em que  produção de versos é muito baixa e os temas já não atraem tanto o público. Diante deste fato e temendo o total desaparecimento do gênero surgem pessoas comprometidas com a revitalização do Cordel e é criada no Rio de Janeiro a ABLC – Academia Brasileira de Literatura de Cordel, que tem como presidente Gonçalo Ferreira da Silva, que tem como objetivo catalogar, incentivar a formação de novos cordelistas, estudar o gênero, juntamente com as associações: AESTROFE – Associação de Escritores, trovadores e Folheteiros do Ceará, CBJE – Câmara brasileira de jovens escritores – Todos engajados no sentido de incentivar, divulgar e vender os folhetos utilizando s novas tecnologias da internet, com apoio também das editoras que tem um papel importantíssimo na divulgação dos Cordéis – Editora Hedra, Edita Queima Bucha, Editora Tupynanquim, Editora Coqueiro e Cordelaria, que possuem sites e até páginas no Orkut com este objetivo.

E com a evolução gráfica a impressão já não é feita em tipografia e sim em off-set e ilustrados por profissionais que trabalham com as tecnologias da computação gráfica.

 

REVITALIZAÇÃO

Este movimento em torno da nova roupagem do Cordel faz com que todo o país tenha conhecimento sobre o cordel, despertando o interesse de artistas e professores que levam ao público infanto-juvenil de várias formas:

Tarcio Costa – artista profissional escritor, compõe cordéis e leva aos palcos, suas peças com objetivo de divulgar a cultura nordestina, com apoio do SESC-SP

Teatro do pé – Companhia de teatro que adaptou histórias de Patativa do Assaré, em cordel e divulga esta cultura também pelo Brasil e esteve recentemente em Franca, através do projeto Teatro Infantil pelo SESI-SP.

César Obeid – Professorr de língua portuguesa do Colégio Metodista em São Paulo, utiliza o Cordel em sala de aula para ensinar métrica, rima, estimular a leitura e a escrita.

Professora  Chaguinha – professora que ganhou o prêmio Victor Civita  - Professor Nota 10 em 2004, por ter utilizado o Cordel em sua classe da 8ª série para melhorar a leitura e incentivar a escrita em seus alunos, objetivo alcançado com sucesso.

Arievaldo Viana – Cordelista, que aprendeu a ler e escrever através do Cordel, criou o Projeto Acorda Cordel nas Escolas, apoiado pelo MEC, Secretaria da Educação da Paraíba, ABLC, Petrobrás e as Editoras especializadas em cordel, que tem como objetivo levar a culta do Cordel, auxiliar na alfabetização infantil, criar novos leitores e incentivos à formação de novos cordelistas. Este projeto tem revolucionado o cenário do Cordel no Brasil.

A utilização do cordel em sala de aula vem crescendo à medida que os educadores mantêm contato com ela e para isso é necessária a ampla divulgação desta ferramenta no meio acadêmico. Tendo em vista que a informação, a modernidade e a inovação fazem parte do mundo dos alunos, faz-se necessário o conhecimento desta opção diferenciada de trabalho em sala de aula, visto que o Cordel resgata a história, a cultura popular, proporcionando esta inovação na forma de aplicar a matéria em sala de aula, incentivando o conhecimento e o aprendizado de forma lúdica.

 

CONCLUSÃO

Podemos observar que o cordel jamais morreu e que o tempo, as novas tecnologias e a linguagem moderna não conseguiram banalizar esta cultura, muito pelo contrário, o Cordel se moderniza e atinge novos públicos.

Vários estudiosos afirmam que, o cordel, mantendo suas raízes, jamais morrerá ou deixará de existir, pois sempre se adaptará aos novos tempos.
BIBLIOGRAFIA
-          CURRAN, Mark. História do Brasil em Cordel, Sp : Ed da USP, 1998
-          MEYER, Marlyse. Autores de Cordel – Literatura comentada, 1980, Ed Abril Educação, 1980, SP.
-          PEREIRA, Apparecida Perin, (org). Literatura de Cordel – Trabalho das alunas de Letras da FAL – Fac “Auxilium”de Filosofia, ciências e Letras de Lins, 1975;
-          REVISTA: Revista do Professor Nova Escola, Ed Abril, outubro 2004, páginas 52 a  54.
-          SILVA, Gonçalo Ferreira da. Vertentes e evolução da literatura de Cordel. Rio de           Janeiro: ABLC, 2001.
-          VIANA, Arievaldo, Acorda Cordel na sala de aula – a Literatura popular como ferramenta auxiliar na educação, 1ª ed, Fortaleza: Tupynanquim Editora/ Queima Bucha Editora, 2006.
- A história do Cordel. Disponível em <http://www.ablc.com.br/historia/hist_cordel.htm>. último acesso 30/09/2007.
- Grande Cordelistas. <http://www.ablc.com.br/historia/hist_cordelistas.htm>último         acesso em 30/09/2007.

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